Deputado italiano pede extradição e revogação de cidadania de Carla Zambelli
O ofício foi encaminhado aos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, do Interior e da Justiça

O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, encaminhou nesta quarta-feira, 4, um ofício solicitando ao governo da Itália "medidas urgentes" para extradição e revogação da dupla cidadania de Carla Zambelli (PL-SP) após a deputada anunciar que deixou o Brasil e que pretende morar na Europa, para onde deve ir depois dos Estados Unidos. Em maio, a parlamentar foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão, além da perda do cargo na Câmara dos Deputados, pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O ofício foi encaminhado aos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, do Interior e da Justiça, pedindo "para revogar a cidadania daqueles que forem condenados por crimes de golpe ou tentativa de golpe, crimes contra a humanidade, incitação à subversão violenta da ordem econômica ou social do Estado, ou à supressão violenta da ordem política e jurídica do Estado", conforme escreveu o deputado no documento.
Angelo Bonelli também mencionou no ofício a declaração de Carla Zambelli, na qual ela afirma que deixará os Estados Unidos - onde está atualmente - rumo à Itália, por acreditar ser "intocável" no país. O objetivo do deputado é impedir que a parlamentar do PL obtenha asilo político na Itália.
"A Itália arrisca se tornar um paraíso para gente condenada. Esperamos uma resposta clara do governo, no sentido de extraditar Carla Zambelli para o Brasil", escreveu Angelo Bonelli no X (antigo Twitter).
No ofício, o deputado Angelo Bonelli descreveu, em ordem cronológica, o histórico de Carla Zambelli até sua condenação, em 14 de maio, para que os ministros italianos tenham ciência dos crimes da deputada e justificar o pedido de extradição e revogação da cidadania.
Zambelli foi condenada por unanimidade pelo Supremo a dez anos de prisão e à perda do mandato de deputada pela invasão ao sistema do CNJ, junto do hacker Walter Delgatti Neto. No ataque em 2023, foi emitido um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
O deputado incluiu também a atuação de Zambelli durante eleições de 2022. No ofício é descrito que "ela propagou fake news sobre as urnas eletrônicas e sobre o aplicativo e-Título, sugerindo manipulações contra o presidente eleito Lula. Por isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lhe impôs pesadas multas e ordenou a remoção dos conteúdos".
"Em janeiro de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) anulou seu mandato e a declarou inelegível por oito anos, devido à disseminação de desinformação sobre o sistema eleitoral durante as eleições de 2022", descreveu o deputado para os ministros italianos sobre a decisão da Justiça Eleitoral.
O documento também relembra outro processo de Zambelli no STF por perseguir um homem com uma pistola na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
"Para se esquivar da Justiça brasileira, Zambelli deixou o Brasil em 25 de maio de 2025 e, até hoje, estaria em Miami, nos EUA", disse. Em seguida, o parlamentar cita a entrevista concedida pela deputada à CNN nesta terça-feira, 3, em que ela declarou que se mudaria dos Estados Unidos para a Itália.
"Quais medidas urgentes os ministros interpelados, cada um no âmbito de sua competência, pretendem adotar para cumprir as disposições, no caso de Carla Zambelli, contidas na Lei 144/1991, que estabelece os procedimentos de extradição de pessoas entre a Itália e o Brasil, colaborando desde já com a Interpol", questionou. .
Prisão preventiva de Carla Zambelli
Moraes determinou nesta quarta-feira a prisão preventiva de Zambelli. Em sua decisão, Moraes afirma que a deputada tentou "se furtar da aplicação da lei penal". O ministro também mandou bloquear os aportes de Zambelli e incluir o nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol.
A Justiça poderá solicitar ao país em que Zambelli estiver a prisão preventiva para fins de extradição. O pedido de prisão preventiva deve ser encaminhado pelo STF, juízo competente do caso, ao Ministério da Justiça, que encaminhará o pedido pela via diplomática ou diretamente pela autoridade central, devendo solicitar, antes disso, a inclusão de mandado de prisão na difusão vermelha do órgão, o que já foi solicitado por Moraes.
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