Gripe aviária pode derrubar preço do frango e dos ovos em Belém, diz Dieese
Casos da doença afetam exportações e geram expectativa de alívio no bolso do consumidor

Com a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil e a consequente suspensão temporária das exportações de carne de frango e ovos para alguns países, a perspectiva é de que parte dessa produção volte-se ao mercado interno. Isso pode provocar queda nos preços dessas proteínas — uma notícia que gera expectativas entre consumidores e trabalhadores afetados pela inflação persistente dos alimentos. Em Belém, vendedores e especialistas já observam movimentos nesse sentido, embora os efeitos na ponta ainda demorem a chegar.
Frango e ovos já acumulam alta em 2025
De acordo com o economista Everson Costa, do Dieese no Pará, tanto o frango quanto os ovos já registraram aumentos consideráveis em 2025. O preço médio da dúzia de ovos e do quilo do frango acumula alta superior a 20% no ano.
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“Mesmo com recordes de produção no Brasil, fatores como o calor intenso no início do ano e o custo elevado de produção impactaram a oferta e elevaram os preços. A gripe aviária pode mudar esse cenário. A suspensão das exportações tende a aumentar a oferta interna e provocar uma queda nos preços”, explica Costa.
O economista alerta, no entanto, que o impacto pode variar entre as regiões. “Quem está mais próximo dos grandes centros produtores sente os efeitos mais rapidamente. No Norte, o frete e a logística pesam mais no valor final”, destaca.
Vendedora espera queda até agosto
Na feira do Guamá, a vendedora Janira Fonseca trabalha com frango há 15 anos e confirma que os preços vêm subindo. “Está aumentando direto, e a gente é obrigado a rear para o cliente. Mas com essa história da exportação parar, pode ser que o preço baixe. Talvez até julho ou agosto já melhore”, afirma.
Segundo Janira, o frango ainda continua sendo mais ível do que outras carnes, mas as altas constantes têm afastado parte da clientela. “O pessoal reclama, mas não tem muita opção. Se cair o preço, vai ajudar muita gente”, comenta.
Produção no Pará abastece mercado regional
Cláudio Afonso Martins, presidente da Associação Paraense de Avicultura (Apav), explica que o Pará não exporta carne de frango para fora do país. A produção paraense abastece o mercado interno e estados vizinhos, como Maranhão, Amazonas e Piauí.
Segundo Martins, o estado tem cerca de 1,9 milhão de aves alojadas por semana em 265 granjas de corte, além de 3 milhões de aves em postura comercial distribuídas em 19 granjas. “A gripe aviária não representa risco ao consumo humano. A doença atinge apenas as aves”, reforça.
Ele avalia que os efeitos da suspensão das exportações brasileiras podem gerar um pequeno impacto local, já que o excedente de produção nacional deve permanecer no mercado interno. “Vamos aguardar o redirecionamento desses lotes, mas a tendência é de estabilização ou queda moderada nos preços”, afirma.
Ovos já mostram sinais de recuo
Para o Dieese, o preço dos ovos pode cair de forma ainda mais significativa do que o frango. “A gente já começa a ver uma estabilização e até algumas quedas em feiras e supermercados. Como a produção teve crescimento expressivo e a demanda está mais sensível ao preço, a tendência é de acomodação”, analisa Everson Costa.
O Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de ovos, com média de 250 unidades por pessoa ao ano, e também registra alto consumo de frango, acima de 40 kg por habitante.
Consumo de alimentos compromete renda das famílias
Mesmo com a possível queda no valor dessas proteínas, a cesta básica em Belém continua pesando no bolso do trabalhador. De acordo com o Dieese, o custo médio da cesta básica no Pará já ultraa R$ 720, o que representa quase metade do salário médio de R$ 1.518. Somado ao valor do gás de cozinha, que pode chegar a R$ 150, o comprometimento da renda com alimentação e preparo ultraa os 65%.
Caso no Pará ainda está em investigação
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) informou que recebeu uma notificação de suspeita clínica de síndrome respiratória e nervosa em aves no município de Eldorado dos Carajás. Quatro galinhas caipiras foram sacrificadas para análise.
As amostras foram enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), vinculado ao Ministério da Agricultura. Até o momento, não há registro confirmado de influenza aviária no Pará.
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