Vitor Ramil: canções revelam a intimidade das palavras no Schivasappa, em Belém
Show 'Estrela, Estrela' será nesta quinta (5), no Teatro Margarida Schivasappa, no Centur, e traz um apanhado da obra desse gaúcho bom e poesia e cantigas

Tudo bem que a vida atual é muito corrida, cheia de afazeres, compromissos que não acabam e tudo o mais. Porém, o público que gosta de poesia e música, ou seja, pensar fora da caixa e avançar em todos os sentidos, não pode deixar de conferir o show do cantor, compositor e escritor gaúcho Vitor Ramil, intitulado "Estrela, Estrela" em Belém. Esse momento vai se dar às 20h desta quinta-feira (5) e sexta-feira (6), no Teatro Margarida Schivasappa, no Centur. Vitor tem uma carreira sólida na música brasileira, com uma trajetória de 44 anos desde o primeiro disco, justamente o "Estrela, Estrela", lançado em 1981, aos 18 anos de idade, com a faixa-título mostrando ao mundo a construção poética e musical de um cara dos pampas com um sentido universal.
Essa façanha de quebrar fronteiras, como verificado em outros grandes nomes da música do Brasil, inclusive, da música paraense, é consolidada a cada álbum de Vitor. O mais recente, intitulado "Mantra Concreto", de 2024, com poemas do saudoso Paulo Leminski, mostrou para quem ainda não conhecia o trabalho de Ramil a relação umbilical dele com a música e a literatura. Ao longo da carreira, esse cantor e compositor fez versões de canções de Bob Dylan e gravou músicas de autores diversos. Sempre com uma interpretação toda própria, a projetar imagens nos ouvintes, na plateia, a partir do som de instrumentos musicais e palavras. Em síntese, Vitor Ramil produz música para se ouvir, para fazer vibrar os sentidos de quem as ouve.
Como não é todo dia que Vitor Ramil está em Belém, fazendo um show, poder conferir uma das duas apresentações no Schivasappa é uma oportunidade e tanto para um encontro com a arte, assim como a seguir os versos de "Estrela, Estrela": "... é bom saber / que és parte de mim / assim como és / parte das manhãs...".
Mantras
Em entrevista ao Grupo Liberal, Vitor Ramil diz que se sente muito realizado ao conferir 44 anos de estrada. Entretanto, ele se mantém na caminhada, cultivando antigos e novos horizontes. "Escrevo e componho sem parar. Cada dia surge mais gente interessada na minha arte a nas minhas ideias. Vivo no interior do RS com a minha namorada dos 18 anos, na casa da qual nunca quis sair e que me inspira em tempo integral. Poderia ser melhor?", diz.
Sobre o show que o público em Belém vai poder conferir nesta semana, Vitor diz que o título "Estrela, Estrela" tem relação com a trajetória dele. 'Estrela Estrela' é minha primeira composição mais consistente, e está aí até hoje. Vou reunir canções que vieram na esteira dela", adianta.
Sobre essa canção, gravada, inclusive, por nada mais nada menos que Gal Costa, Vitor conta como surgiu: "Compus na nossa casa de praia no Laranjal, sentado na cama de baixo do beliche da direita. Simplesmente comecei a cantá-la e a escrever a letra quase simultaneamente. O trabalho durou alguns minutos. Ela era tão forte que eu tinha certeza que já existia. Mas minhas irmãs me convenceram que era minha mesmo".
O clima intimista propiciado pela música e poesia está garantido. Na apresentação, Vitor Ramil vai estar sozinho no palco, como adianta. E tem mais: ele vai interpretar, em especial, canções do álbum "Mantra Concreto". "Canções do 'Mantra Concreto', sim, que nasceram como nasceu 'Estrela, Estrela', com muita força, 14 canções em menos de três semanas", ressalta.
Vitor não esconde o contentamento em poder novamente se apresentar no norte do Brasil, ele que vive na outra ponta do país, no Sul. "Eu amo Belém. Cheguei até a pensar em ir viver aí em determinado momento. Então é um sentimento de amor mesmo", revela. Entre canções gravadas por esse artista figuram "Vamos sumir", "Joquim (Joey)", "À beça", "O velho Leon e Natália em Coyoacán" e "Um dia você vai servir a alguém (gotta serve somebody)".
'Meu horizonte'
Com mais de quatro décadas de trabalhos autorais, Vitor olha para trás e só confirma o que sempre soube. "Desde criança eu sabia que meu futuro estaria em compor canções, cantar e escrever. Nunca duvidei disso. Minha casa tinha música o tempo todo, todos tocavam e cantavam, eu era o sexto filho. Aquele era o meu horizonte". Livros e acordes se confundem na vida desse menestrel gaúcho.
"A família achava que eu seria escritor, porque escrevia muito e ganhei um concurso nacional de contos pela Região Sul aos 12 anos. Mas como fui muito precoce na música, a literatura só reentrou na minha vida aos 25 anos, quando comecei a escrever minha primeira novela, 'Pequod'. Nessa época eu lia o dia inteiro. Resolvi me aventurar a apenas escrever, sem cantar. E não parei de fazer isso até hoje. Aliás é o que mais faço no dia-a-dia", conta Vitor Ramil.
Esse autor diz como consegue conviver com a arte da música e da literatura. "Vou me revezando entre elas. De vez em quando preciso trocar o chip de uma para colocar o da outra. Não é fácil. Agora mesmo, estou escrevendo um longo ensaio, 'A estética do frio', mas não paro de viajar por causa da música, o que me atrapalha muito". Ele pontua que, no momento, lê basicamente história, teses, pesquisas.
Como se constata, Vitor não para de buscar novos aprendizados. Sobre ouvir canções em meio a uma vida corrida, o compositor dá uma dica para não se perder de conferir o prazer da arte. "Acho que cada um tem seu jeito de ouvir música. Talvez o fim do e para discos físicos e a quantidade de oferta de música tenham atrapalhado o hábito de nos aprofundarmos nas audições. Mas sempre cada um vai encontrar seu jeito de ouvir".
Serviço:
Show 'Estrela, Estrela'
Com Vitor Ramil
Nos dias 5 e 6 de junho de 2025
Às 20h
No Teatro Margarida Schivasappa,
no Centur
Avenida Gentil Bittencourt, 650,
bairro Nazaré
Ingressos: https://www.sympla.com.br/
e na loja Outer, no 2º piso do
Boulevard Shopping, na Doca,
e, no dia do show, na bilheteria
do teatro, a partir das 14h
Mais informações: 91 98510-5190
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