Pará se destaca no Prêmio Rodrigo, do Iphan, com projetos que valorizam a cultura e as tradições
Festa das Filhas da Chiquita e iniciativa de mulheres indígenas do Tumucumaque estão entre as ações reconhecidas nacionalmente por preservarem a cultura e os saberes tradicionais do estado
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lança, nesta terça-feira (3), o edital do 38º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, durante cerimônia no Auditório do Sebrae Nacional, em Brasília, com transmissão pelo canal do Iphan no YouTube. O evento também marca o encerramento da edição de 2024, que premiará 18 iniciativas de todo o país, cinco delas da região Norte.
Entre os destaques estão dois projetos do Pará, que refletem a força da cultura popular e dos saberes tradicionais do estado. Um deles é a tradicional “Festa das Filhas da Chiquita”, realizada há quase 50 anos em Belém, sempre após a agem da berlinda durante a Trasladação do Círio de Nazaré. A festa, que se consolidou como um dos eventos mais emblemáticos da cultura paraense, é reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2004 e como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco desde 2013. A celebração é marcada pela resistência, diversidade e expressão artística que atravessam gerações.
Outro projeto paraense que recebe reconhecimento é o “Estabelecimento e Funcionamento do Fundo de Artes e Artesanatos Wëriton Iyeripo”, desenvolvido pela Articulação das Mulheres Indígenas Tiriyó, Katxuyana e Txikiyana (AMITIKATXI), na Terra Indígena Parque do Tumucumaque, no extremo norte do Pará, na fronteira com o Suriname. A iniciativa, conduzida e gerida por mulheres indígenas, busca fortalecer os saberes tradicionais por meio da produção de artesanato com sementes, miçangas, algodão e materiais vegetais, além de resgatar grafismos encontrados em sítios arqueológicos para reinserção no repertório artístico atual das comunidades.
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Prêmios para o Norte
Além do Pará, outras três ações da região Norte também foram premiadas. No Amapá, o projeto “Formação Continuada para Orquestra Feminina de Capoeira” promove a inclusão de mulheres na roda de capoeira, com foco na orquestra de berimbaus, quebrando barreiras em um espaço tradicionalmente masculino. Já no Tocantins, duas iniciativas se destacaram: “Dona Miúda Memórias”, que fortalece a cultura quilombola da comunidade Mumbuca, no Jalapão, por meio da preservação do artesanato com capim-dourado; e o projeto “Ninho de Suceiras”, que desenvolve um trabalho de educação patrimonial e protagonismo de meninas e mulheres negras na prática da suça, manifestação cultural de origem africana em Natividade (TO).
O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade é a maior premiação nacional dedicada ao reconhecimento de ações em prol do patrimônio cultural brasileiro. Para 2025, o tema será “Patrimônio Cultural, Territórios e Sustentabilidade”, valorizando experiências que promovem a preservação em conexão com seus territórios e práticas sustentáveis. As inscrições estarão abertas de 3 de junho a 4 de julho pelo site premiorodrigo.iphan.gov.br. Cada uma das 15 ações selecionadas receberá R$ 35 mil. A cerimônia de lançamento do edital e a premiação dos vencedores da edição anterior serão realizadas às 18h, em Brasília, com transmissão ao vivo pelo canal do Iphan no YouTube.
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