Evento discute desafios da nova NR-1 e gestão de riscos psicossociais nas empresas
O encontro faz parte de uma série de eventos realizados pela Xerfan Advocacia, que busca atualizar empresas e profissionais sobre temas relevantes

Empresários, advogados, consultores e profissionais de Recursos Humanos se reuniram, na noite desta quarta-feira (21), no escritório Xerfan Advocacia, para debater os impactos da nova Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que a a impor diretrizes mais específicas para o enfrentamento dos riscos psicossociais no ambiente corporativo. O workshop foi promovido pela Xerfan Advocacia S/S, em parceria com a VSafety Consultoria.
O encontro faz parte de uma série de eventos realizados pela Xerfan Advocacia, que busca atualizar empresas e profissionais sobre temas relevantes na gestão de riscos e no cumprimento das obrigações legais. “Esse já é o nosso terceiro workshop. Já falamos sobre direito processual e direito do trabalho. Agora estamos tratando da NR-1 e da gestão dos riscos psicossociais, que a a ser uma exigência obrigatória para as empresas”, explica Roberto Xerfan, advogado com mais de 26 anos de atuação.
A atualização da NR-1, que trata das disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, inclui de forma expressa a necessidade de as empresas mapearem, prevenirem os riscos psicossociais, aqueles relacionados à saúde mental dos trabalhadores, como estresse, ansiedade, burnout e assédio.
Para Alessandro Rafael, consultor organizacional especializado em gestão corporativa e compliance, o maior desafio das empresas é reconhecer que a gestão de riscos psicossociais começa na cultura organizacional.
“O primeiro o é a conscientização da alta istração. Só quando a liderança entende que os fatores psicossociais impactam diretamente o negócio, é possível implementar ações efetivas”, afirma. Ele destaca que os riscos psicossociais podem ser classificados em três esferas: organizacional, relacionada à cultura e aos processos da empresa; ambiental, ligada ao contexto coletivo em que o trabalhador está inserido; e cognitiva, quando o trabalhador já apresenta sinais de adoecimento mental, como ansiedade, estresse ou depressão.
De acordo com Alessandro, um dos grandes gargalos nas organizações está na dificuldade de materializar esse risco. “Tudo começa com uma avaliação de clima organizacional, da cultura e até do organograma da empresa. A partir disso, realizamos entrevistas, aplicamos avaliações específicas e utilizamos ferramentas como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que agora contempla os riscos psicossociais na NR-1”.
O aspecto legal foi outro ponto de destaque no evento. Segundo a advogada trabalhista Gabriela Mayumi, da Xerfan Advocacia, ignorar os riscos psicossociais pode trazer sérias consequências jurídicas, istrativas e até previdenciárias.
“Empresas que não se adequam podem sofrer penalidades na esfera judicial, istrativa e também ter reflexos nos índices de afastamentos e acidentes de trabalho. Isso, além de prejudicar a imagem institucional, impacta diretamente nos custos operacionais, especialmente nas contribuições previdenciárias e no ivo trabalhista”, explica.
Ela ressalta que a inclusão expressa dos riscos psicossociais na NR-1 é um reflexo de uma demanda global, intensificada após a pandemia de Covid-19, que escancarou a necessidade de discutir saúde mental no trabalho. “O fato de termos neste evento empresas de pequeno, médio e grande porte mostra que os empresários paraenses estão atentos e comprometidos em se atualizar e proteger seus negócios”, pontua.
Se, por um lado, é fundamental reconhecer o risco, por outro, também é necessário diferenciar os problemas que estão sob responsabilidade da empresa daqueles que extrapolam o ambiente corporativo.
Mário Júnior, engenheiro de segurança do trabalho e ergonomista da VSafety Consultoria, trouxe ao workshop uma abordagem técnica sobre como realizar essa distinção. “No ano ado, foram registrados quase meio milhão de afastamentos relacionados à saúde mental. Mas é preciso avaliar: quantos deles, de fato, são relacionados ao trabalho? E quantos decorrem de fatores externos, como questões financeiras ou familiares?”, questiona.
Segundo ele, as ferramentas que auxiliam na análise dos riscos psicossociais ajudam não só na mitigação, mas também na geração de evidências de que a empresa está cumprindo sua obrigação legal. “É essencial mapear esses riscos, definir quais são relacionados ao ambiente de trabalho e, a partir daí, desenvolver uma cultura de segurança e bem-estar”.
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