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Conheça as inflamações no intestino e como se prevenir

É preciso ter atenção ao navegar nas redes, para evitar informações falsas sobre o assunto

Ayla Ferreira

Nas redes sociais, conteúdos sobre inflamação intestinal estão viralizando. Influenciadores digitais compartilham dicas para combater o problema e até mesmo “soluções”, que alcançam milhares de visualizações. A inflamação no intestino pode ter causas variadas, que vão desde desequilíbrios na microbiota intestinal até lesões, como úlceras. No entanto, é preciso ter atenção ao navegar nas redes, para evitar informações falsas sobre o assunto.

“As redes estão cheias de dicas milagr​osas, mas a maioria delas não é baseada em ciência. Informações falsas ou mal interpretadas podem ser perigosas e prejudicar nosso bem-estar”, alerta a médica gastroenterologista Ana Carolina de Souza Trindade, coordenadora estadual do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB).

Segundo a médica, o intestino não é apenas um órgão digestivo: ele compõe cerca de 70% do sistema imunológico, com milhões de bactérias invisíveis, que são responsáveis pelo bom funcionamento e formam uma barreira intestinal. “Existem bactérias boas e ruins, quando as bactérias ruins estão a mais, chamamos isso de disbiose, e essa disbiose rompe a barreira e a para o intestino, com isso, o nosso corpo sente essa inflamação”, afirma a médica.

É com o desequilíbrio do intestino que toxinas e fragmentos bacterianos podem entrar na corrente sanguínea. “Quando o intestino está em desequilíbrio, ele pode se tornar permeável e permitir a entrada de substâncias na corrente, que ativam esse sistema imune e geram essa inflamação, por isso se diz que o intestino pode estar inflamado”, explica Ana.

Conheça os tipos de inflamação

De acordo com a gastroenterologista, existem dois tipos de inflamação: orgânicas e funcionais. A inflamação orgânica é visível, como é o caso da colite ulcerativa e da doença de Crohn, que causam lesões no intestino. O paciente apresenta lesões ao realizar exames, como endoscopia ou radiologia.

“Existem alguns sintomas de alarme, como perda de peso, sangramento, que o paciente que tem o intestino irritável não tem. E o paciente que tem a doença inflamatória intestinal, ele tem sangramento, perda de peso, anemia. Os sintomas são mais intensos em quem tem doença inflamatória intestinal”, informa.

As inflamações funcionais são invisíveis e afetam a microbiota intestinal, que não é vista nos exames, como no caso do intestino irritável. Quando há um desequilíbrio, os principais sintomas são dores abdominais, alteração no hábito intestinal, distensão do abdome e gases. “A diferença é que, ao fazer exames, não se nota nenhuma lesão no intestino. O paciente com intestino irritável não tem úlceras, não tem lesões, é apenas uma uma doença funcional de mau funcionamento do intestino”, diz a médica.

Outra característica do intestino irritável é o fato de ser uma doença crônica, que faz com que os pacientes procurem o médico com frequência por conta da dor. “Como os sintomas mudam a qualidade de vida do paciente, é muito importante procurar um gastroenterologista para verificar se o paciente tem sintomas de alarme, para ver se ele não tem sintomas que indicam uma doença mais grave, como neoplasias de estômago e neoplasias de intestino”, reforça.

Alimentação para uma boa flora intestinal

De acordo com a gastroenterologista, a chave para evitar desequilíbrios intestinais é a alimentação saudável. Ela explica que os alimentos ultraprocessados podem afetar a função do intestino. “A grande maioria dos pacientes, eles vão ter apenas uma alteração da flora intestinal e momentos que ele vai ter uma má digestão. Então, ele vai comer algum alimento e vai ar mal, devido ele ter essa disbiose”.

“Essas doenças estão aumentando não só pelo conhecimento dessa microbiótica intestinal, por conhecermos mais a função do intestino, mas também pelo estilo de vida que nós estamos levando com alimentos ultraprocessados, estresse e é cada vez mais comum muitas pessoas terem os mesmos sintomas”, relata a médica.

Novas evidências científicas estão surgindo quanto ao papel da microbiota intestinal e os metabólitos na saúde digestiva, já que o bom funcionamento intestinal reflete em todo o organismo. “Já está evidente a influência da microbiota intestinal em várias condições de saúde, como diabetes mellitus, esteatose hepática, e doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, que antes eram poucos pacientes e agora está aumentando essas doenças”.

Para a médica, o futuro da medicina está na compreensão da microbiota. “O futuro vai ser o melhor entendimento da microbioterapia intestinal. O intestino está sendo e vai ser cada vez mais o protagonista da nossa saúde em geral, saúde de nosso corpo todo’, finaliza.

Saiba como melhorar a saúde digestiva:

  • Mastigar bem os alimentos
  • Beber bastante água
  • Priorizar alimentos naturais ricos em fibras, como legumes e frutas
  • Praticar exercícios físicos
  • Cuidar da saúde mental — estresse e ansiedade afetam diretamente a saúde intestinal

(Ayla Ferreira, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, Coordenadora do Núcleo de Atualidade)

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