Cinco anos sem padre Bruno Sechi: programações em Belém homenageiam o fundador do Movimento de Emaús
Até sexta-feira (30), ações na capital paraense relembram as iniciativas do religioso em defesa da crianças e dos adolescentes e de pessoas em situação de rua

Em memória do padre Bruno Sechi, reconhecido por suas obras de caridade e pela fundação do Movimento República de Emaús, diversas programações em Belém homenageiam o religioso nesta quinta-feira (29) — rememorando o dia em que faleceu: 29 de maio de 2020. As homenagens na capital iniciaram na segunda-feira (26), com uma Sessão Especial realizada no auditório João Batista, na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), dando início à Semana Solidária Padre Bruno Sechi
A iniciativa está prevista na Lei Estadual nº 9.231/2021, que institui no calendário oficial do Estado uma semana dedicada à memória do religioso, reconhecido pelo trabalho em prol dos mais vulneráveis. Ainda nesta quinta-feira (29), amigos e amigos do padre Bruno realizarão uma celebração e visita ao túmulo do padre no Cemitério Recanto da Saudade, às 8h. No mesmo dia, uma missa será celebrada pelos 5 anos da páscoa do padre Bruno, na Paróquia São Domingos, no bairro da Terra Firme, às 19h.
E ainda, outra programação no dia 29 será um encontro em frente ao Solar da Beira, às 18h, onde haverá debates sobre educação de rua — movimento o qual padre Bruno também defendia — e um momento de oração. “Hoje, precisamos falar sobre isso. Temos mais de 5 mil pessoas morando nas ruas. Cada um vai partilhar sua experiência de educação de rua, com aprendizados deixados pelo padre Bruno. É no Solar da Beira, pois foi lá que ele iniciou o movimento da educação de rua”, detalha Naraguaçu Costa, membro do Movimento Nacional de Meninas e Meninos de Rua.
Naraguaçu relata que conviveu por anos com o padre Bruno e enfatiza que o legado dele continua reverberando. "Os aprendizados que ele deixou é um legado de um fio de esperança para salvar crianças e adolescentes por meio da educação de rua. Hoje, após a sua partida, a gente está órfão. Sentimos muita falta, porque não se tem outra pessoa como ele. Em 50 anos, ele atuou fortemente no sentido da educação de rua e com as crianças", reforça ela.
Outro ponto alto será o lançamento da Grande Coleta do Movimento de Emaús, na sede do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). O evento, a partir das 9h, contará com a presença de representantes do MPPA e da Coordenação Geral do Movimento República de Emaús. Haverá ainda uma apresentação cultural do grupo “Musicalizando Direitos”, formado por crianças e adolescentes atendidos pelo movimento.
Legado
A coordenadora geral do movimento de Emaús, Georgina Cordeiro, explica que essas homenagens realizadas pelo Emaús, mais do que manter vivo o legado do sacerdote, são uma forma de homenagear o padre pela atuação dele ao longo de décadas. “Realizamos diversas atividades que fazem com que a gente sinta a energia dele presente. E toda essa programação a gente se preocupa desde bem antes do dia 29 de maio“, detalha a coordenadora do Emaús..
Georgina lembra, também, que conviveu com Sechi desde a juventude e destaca que viu desde o movimento ganhar vida — a começar pelas primeiras ações do padre com crianças e adolescentes, sobretudo no bairro da Sacramenta, quando realizava celebrações dominicais com a missa da juventude. Mas as ações ganharam força em outros lugares da cidade e se transformaram também em ações de ajuda às pessoas em situação de vulnerabilidade.
“Quando a gente busca na memória a lembrança de padre Bruno, a emoção brota, os olhos ficam cheios de lágrimas, porque eu conheço o padre Bruno desde jovem. O Padre Bruno trouxe para a gente a possibilidade de trabalharmos naquilo que chamamos de sistema preventivo. Para desenvolver ações com as crianças para que elas não trilhassem o caminho da marginalidade. E aí se decide abordar as crianças”, detalha Georgina.
Hoje, atuando na gestão do Movimento de Emaús, Georgina comenta que essa é uma forma de levar adiante o legado do padre Bruno. “Fazer esse trabalho com o padre Bruno foi ao mesmo tempo, uma descoberta e uma oportunidade de vivenciar o evangelho. E esse grupo está há 54 anos atuante. Algumas dessas pessoas já se foram, outras se transformaram em profissionais que hoje trabalham aqui como associados efetivos e que estão na gestão do movimento”, relata.
Lembrança
Antes de falecer, em 2020, o religioso deixou uma lembrança emblemática. Poucas horas antes de sua partida, no dia 29 de maio daquele ano, padre Bruno recebeu a equipe de O Liberal — marcando a última entrevista concedida à imprensa e eternizando o seu último registro em vida, feito pelo fotojornalista Cláudio Pinheiro. Na entrevista concedida ao repórter Eduardo Rocha, o sacerdote reforçou a luta em defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes: “Jamais nos deixem perder a esperança”, destacou o idealizador e fundador do Movimento República de Emaús.
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