Glaucoma congênito: conheça os sintomas da doença que pode causar cegueira nas crianças 182i4d
“O glaucoma congênito não espera”, diz a presidente da Associação do Glaucoma Congênito no Pará, Silviane Nascimento
Em Belém, 32 crianças fazem tratamento de glaucoma congênito. Trata-se de uma doença oftalmológica rara que pode surgir desde o nascimento, afetando o desenvolvimento visual da criança. Os principais sinais incluem olhos maiores do que o normal (buftalmia), fotofobia, lacrimejamento intenso e manchas brancas na córnea. Sem tratamento, o aumento da pressão intraocular pode danificar o nervo óptico e levar à cegueira irreversível.
Na capital, mães e profissionais de saúde participaram de um evento para discutir o glaucoma congênito e a inclusão da pauta nas políticas públicas municipais, realizado nesta segunda-feira (26), Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. A programação foi realizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) e pela Associação das Mães de Glaucoma Congênito, e ocorreu no auditório da Santa Casa de Misericórdia.
O secretário de saúde, Rômulo Nina, destacou a importância de se iniciar o tratamento da doença o máximo cedo possível. “O quanto antes identificar, iniciar o tratamento e manter esse tratamento de forma contínua, melhor. É fundamental prover para essas pessoas um cuidado especializado”, disse. Sobre o acolhimento às mães e seus filhos durante o tratamento, o secretário completou: “A importância desse acolhimento é fundamental porque é uma doença rara, também conhecida como glaucoma congênito ou infantil. E, por muitas vezes, a falta de entendimento, de educação, ou até mesmo de saber quem procurar, pode levar à perda da visão”.
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A fisioterapeuta Silviane Nascimento é presidente da Associação do Glaucoma Congênito no Pará e mãe do Victor. “Ela destacou que esse foi o primeiro evento de glaucoma congênito realizado em Belém. O filho dela, Victor, nasceu na Santa Casa. “Assim que ele nasceu, a gente percebeu que ele não abria os olhos durante a claridade. A pediatra fez avaliação e ele foi encaminhado para a oftalmologia”, contou. Com três dias de vida, veio o diagnóstico do glaucoma congênito. “E, aí, a gente começou a corrida contra o tempo em relação ao tratamento. A pressão dos olhos da criança tem que ser entre 12 a 20, no máximo. O Victor nasceu com uma pressão de 40 no olho. Essa pressão aumentada faz com que essa criança possa vir a ter a cegueira. A gente precisa realmente de um tratamento muito precoce”, contou.
Ele fez a primeira cirurgia dele com 15 dias de nascido. "Foi o que melhorou e ele começou a abrir os olhinhos. Durante o dia, ele não abria os olhos. Após a cirurgia, começou a abrir os olhos”, contou. As mães cujos crianças são atendidas em Belém moram em várias cidades do interior do Pará. O acompanhamento é feito a cada três meses. Tem mães de Belém, Ananindeua e do interior. “Hoje somos 32 mães com crianças que têm glaucoma congênito. Como elas são de vários interiores, a gente faz o trabalho via telefone de acolhimento com elas e a marcação é feita de acordo com os municípios delas. A gente percebe que tem uma grande demora. Então esse evento de hoje é justamente para sensibilizar toda a rede pública para tentar reduzir essa espera”, afirmou Silviane. “O glaucoma congênito não espera. As crianças podem estar brincando, como estão aqui, mas podem estar com a pressão alta”, diz Silviane.
A operadora de caixa Eliane Sodré é mãe do Yuri Brito, de apenas um ano e dois meses de idade. Ela contou como descobriu que o filho tinha glaucoma congênito. “Eu descobri com dois meses que ele tinha glaucoma congênito. Aí eu fiquei desesperada quando vi o olhinho dele meio azulzinho. Fui ao Pronto Socorro da 14, e lá me encaminharam para a Cynthia Charone”, disse. “A doutora examinou ele e falou que era glaucoma congênito. Desde então, ele faz tratamento com a doutora Isabela. Todo mês ele mede a pressão ocular. Quando está muito alta, precisa fazer uma pequena cirurgia”, explicou.
Tratamento vai além da cirurgia 502x1a
Diretora do Departamento de Regulação (Dere) da Sesma, Thalita Fernandes explicou que atualmente o departamento de regulação funciona integrado, possibilitando o ao tratamento e às especialidades. "Tudo começa na atenção primária, em que esse paciente vai ser atendido. O médico vai solicitar um especialista. Essa solicitação vai para dentro do sistema de regulação. Dentro do departamento, a gente tem equipe com enfermeiros e médicos e vamos triar esses cadastros e direcionar esse o para os estabelecimentos que estão nas nossas redes”, explicou.
O evento reuniu especialistas da saúde e mães de crianças com a doença, que buscam não apenas ampliar o conhecimento sobre o glaucoma congênito, mas também reforçar a necessidade de políticas públicas que garantam diagnóstico precoce, tratamento integral e reabilitação visual no SUS municipal. O tratamento do glaucoma congênito vai além da cirurgia. Envolve também reabilitação visual, estimulação precoce e apoio ao desenvolvimento global da criança. Sem enxergar bem, a criança encontra dificuldades para imitar, repetir movimentos e interagir com o mundo - o que compromete também o desenvolvimento motor, cognitivo e emocional.
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